No estado da Austrália Ocidental, as pessoas têm de permanecer em quarentena domiciliar por sete dias ao contrair covid-19, assim como os seus contactos próximos.
A polícia manda mensagens periódicas para saber a localização da pessoa e exige uma selfie enviada de 15 em 15 minutos. A nova tecnologia permite o reconhecimento facial e o rastreamento por GPS para determinar que a pessoa que tirou a selfie está realmente em casa.
A aplicação que permite tudo isto é a G2G, concebida pela tecnologia local de Genvis usada por mai de 150 mil pessoas no estado desde que foi lançada no pico da pandemia, logo em setembro de 2020.
O consentimento para o uso desta app é necessário e também foi exigido após os incêndios florestais do verão de 2020, quando os que perderam os seus documentos de identificação usaram o reconhecimento fácil para receber ajuda financeira do governo.
O Departamento de Assuntos Internos da Austrália começou a construir um banco de dados nacional de reconhecimento fácil em 2016 e parece pronto a implementá-lo.
“O reconhecimento facial está à beira de uma implantação relativamente ampla”, diz Andrejevic. “A Austrália está-se a preparar para usar o reconhecimento facial para permitir o acesso a serviços governamentais. E entre os órgãos de segurança pública, há definitivamente um desejo de ter acesso a essas ferramentas”.
Edward Santow. comissário dos direitos humanos australiano comentou “Estamos agora na pior de todas as situações, como não há uma lei específica, estamos a lidar com algumas proteções fragmentadas que não são completamente eficazes e certamente não são abrangentes”
Santow trabalha diariamente com a sua equipa da Universidade de Tecnologia de Sydney em maneiras de tornar as disposições de privacidade mais sólidas.
Já Hoan Ton-That, CEO e fundador australiano da Clearview AI, discorda. Defende que a tecnologia facial tem um grande potencial para a prevenção do crime, uma vez que pode garantir que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a um prédio ou uma escola.
“Vemos a nossa tecnologia a ser usada com grande sucesso pelas forças de segurança pública para impedir o tráfico de armas, e esperamos que a nossa tecnologia possa ser usada para ajudar a prevenir crimes trágicos com armas no futuro”.
Na Austrália, o reconhecimento facial é usado em estádios para impedir a entrada de suspeitos de terrorismo ou hooligans do futebol que tenham estado envolvidos em situações passadas.
Andrejevic acredita que o uso desta tecnologia como medida de segurança é um avanço e requer uma consideração cuidadosa.
O reconhecimento facial em tempo real já é usado por algumas forças policiais em todo o mundo. A Polícia Metropolitana de Londres, por exemplo, monitoriza áreas específicas em busca de criminosos procurados ou pessoas que possam representar um risco público.
Pode ou não o reconhecimento facial ser algo positivo?